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Bitcoin poderá ser a base dos bancos, afirmam CEOs do Méliuz e OranjeBTC

O modelo de tesouraria baseado em Bitcoin pode ser o início de um novo sistema financeiro global. Essa é a visão de Gabriel Loures, CEO do Méliuz, e Guilherme Gomes, fundador da OranjeBTC, que participaram de um painel na Satsconf 2025. Eles discutiram o papel das Treasury Companies, empresas que integram o Bitcoin em seus balanços.

Guilherme Gomes fez uma afirmação impactante: essa é uma nova forma de negócio que está surgindo como o futuro das finanças. Para ele, os grandes bancos do amanhã serão moldados nesse padrão de Bitcoin. Loures complementou dizendo que quem busca mais Bitcoin está simplesmente seguindo a lógica da escassez digital. O foco deve ser em gerar o máximo de Bitcoin possível.

Os líderes lembraram que esse movimento já ganhou força nos Estados Unidos, onde empresas como a Strategy, de Michael Saylor, estão emitindo dívidas para comprar Bitcoin. Gomes destacou que essas companhias estão se capitalizando de forma inteligente ao transformar moeda fraca em um ativo sólido e gerar retorno em Bitcoin. No Brasil, a OranjeBTC foi a pioneira nesse modelo, emitindo uma dívida de cinco anos sem juros para adquirir o ativo, seguindo os passos da Strategy.

A nova lógica do caixa corporativo

Gabriel Loures explicou que transformar caixa em Bitcoin é uma estratégia de longo prazo, especialmente em um país como o Brasil, onde os juros são altos e a moeda tende à desvalorização. Ele ressaltou que o Bitcoin oferece uma reserva confiável em um cenário financeiro desafiador. Enquanto o custo de capital no Brasil gira em torno de 15% ao ano, o investimento em Bitcoin se torna uma alternativa viável que promete valorização a longo prazo.

Além disso, a abordagem de transformar lucros em mais Bitcoin por ação ajuda a minimizar as preocupações com a volatilidade do preço no curto prazo. Isso se deve à natureza do negócio do Méliuz, que continua a gerar caixa mesmo em momentos de baixa no valor do Bitcoin. Recentemente, a empresa reportou uma receita líquida recorde de R$ 123,7 milhões, com um crescimento de 258% no EBITDA, e planeja continuar investindo em Bitcoin com parte desses resultados.

Gomes também acredita que as tesourarias corporativas estão prestes a mudar o jogo. Ele compara isso ao surgimento das mineradoras como um primeiro passo na rede. Essas empresas agora estão preparando o terreno para a institucionalização do Bitcoin, criando bases sólidas para um futuro financeiro mais descentralizado e livre da dependência de governos endividados.

Desafios

Apesar do otimismo, os dois CEOs reconhecem que o Brasil ainda está no começo dessa transformação. Enquanto em outros lugares já existem mineradoras listadas e ETFs de Bitcoin, no Brasil, apenas duas companhias públicas têm Bitcoin em seus balanços. Eles concordam que é necessário um avanço na educação financeira, nas regulamentações contábeis e em um mercado de capitais mais maduro.

Guilherme Gomes enfatizou a urgência da adaptação do Brasil. Enquanto os EUA exploram a criação de uma reserva federal de Bitcoin, aqui ainda estamos começando a entender o potencial dessa moeda. Ele acredita que, com a situação econômica do Brasil, a adoção do Bitcoin como reserva de valor poderia ser extremamente benéfica.

Para eles, o fenômeno das Treasury Companies é só o começo. Hoje temos apenas duas empresas nesse modelo no Brasil, mas isso pode mudar rapidamente. Eles acreditam que, com o tempo, poderemos ver dezenas, quem sabe até milhares de empresas adotando essa nova abordagem. A evolução do dinheiro e das finanças já começou, e o Bitcoin pode ser a base dessa nova era.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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